O candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT) dominou a primeira parte do debate em São Paulo neste domingo, expondo a má gestão da pandemia realizada pelo atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro. Na parte final, foi a vez do candidato do PL liderar o embate e forçar repetidamente Lula a falar sobre corrupção, em especial, sobre escândalos envolvendo a Petrobras, o chamado Petrolão. No final da noite, os laços técnicos no primeiro debate entre Lula e Bolsonaro foram melhores para Lula, líder da votação e vencedor da primeira eleição, cerca de 6 milhões a mais que o atual presidente.
Leia abaixo uma análise dos principais momentos de discussão:
Lula lidera o primeiro bloco
O presidente Jair Bolsonaro mencionou duas vezes o Nordeste em menos de cinco minutos do debate deste domingo entre os candidatos. Se o candidato do PL pretende vencer o candidato do PT no segundo turno, é na região que precisa esticar seu desempenho nas urnas no dia 30 do dia seguinte. Segundo a última pesquisa Datafolha, Lula tem 68% na região. Bolsonaro é 27%.
A estratégia de Lula neste primeiro bloco foi expor a má gestão do presidente nos estágios iniciais da pandemia COVID-19 de 2020. Lula lembrou que o país é responsável por 3% da população mundial, e até agora registrou 11% das mortes. Em resposta, Bolsonaro disse ser aliado do ex-presidente que matou os “irmãos do Nordeste” do coronavírus pelo “roubo” do consórcio Nordeste. O consórcio reúne os estados de Alagoas, Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
No primeiro bloco, Lula liderou a discussão e legou a Bolsonaro responder sobre a pandemia. O ex-presidente lidou com a pandemia em cerca de 10 dos 15 minutos disponíveis ao presidente. Um conturbado Bolsonaro conseguiu se livrar desse tema ao lidar com a relação de Lula com Marcos Willians Harbus Camacho, o Marcola, traficante acusado de ser o líder do PCC. Bolsonaro também disse que Lula visitou recentemente o Complexo de Alemán com os bandidos. Ambas as acusações foram retiradas por Lula.
O segundo bloco foi o bloco do “não”
No segundo bloco do debate, os candidatos tiveram que responder perguntas de jornalistas. Portanto, tanto Lula quanto Bolsonaro foram forçados por essa regra a lidar mais de perto com a proposta. E nem Lula nem Bolsonaro disseram que iriam aumentar o número de ministros no Supremo Tribunal Federal (STF). Aumentar o número de magistrados é um dos movimentos que podem corroer a democracia.
Bolsonaro lidera o terceiro bloco
Se Lula liderou o primeiro bloco de debate sobre a má gestão de Bolsonaro na pandemia, o atual presidente se saiu melhor na terceira parte da reunião de domingo. O tema escolhido por Bolsonaro, o escândalo envolvendo a Petrobras, visivelmente irritou o ex-presidente a ponto de petista sabotar Bolsonaro e foi duas vezes suprimido pelos mediadores.
Lula criticou o negócio que levou à prisão de vários executivos e mostrou que eles eram responsáveis pelo desemprego porque essas mesmas empresas começaram a enfrentar dificuldades.
Outra sutileza ao debate, obrigando Bolsonaro a insistir no tema e a buscar referências à sua atuação na economia que aparentemente considera grande, trouxe ao debate um registro negativo de desmatamento no país sob o controle de Bolsonaro, atual candidato pelo PL. Lula obteve sucesso parcial, criando ministérios indígenas e demonstrando sua intenção de explorar adequadamente a biodiversidade, enquanto Bolsonaro considerou propostas para compartilhar a biodiversidade com outros países.
No entanto, uma gestão de tempo mais eficiente levou Bolsonaro a passar a última parte do bloco “falando sozinho”. Bolsonaro voltou a vincular Lula a criminosos no Rio de Janeiro, e desde 2007 ao atual presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. Por mais de quatro minutos no centro do estúdio, o atual presidente, além de criticar a economia argentina, chegou a citar o Foro de São Paulo, falou sobre a miséria da Venezuela e perguntou aos eleitores se eles queriam isso no Brasil.
No segundo turno, no dia 30, mostraremos o que os brasileiros querem para o seu país. Até lá, mantenha os argumentos amarrados e Lula terá a vantagem.