Os brasileiros que ganham o salário mínimo e meio mês começarão a pagar imposto de renda (IR) em 2023. De acordo com a tabela tributária que não é ajustada desde 2016, apenas os menores de R$ 1.903,98 estão isentos. Com o novo salário mínimo em 2023, R$ 1.302, quem ganha um salário e meio, de R$ 1.953, você tem que se dar bem com o leão, e há um desconto no salário. Hoje, quem recebe de R$ 1.903,99 a R$ 2.826,65 paga uma alíquota mínima de 7,5% sobre a renda.
O hiato na tabela, ou seja, até que ponto a isenção está abaixo do ritmo inflacionário do Brasil, atingiu um recorde de 148,1% em 2022, o maior patamar da série histórica desde 1996, acompanhado pelo Sindicato dos Auditores Fiscais do Sindifisco Nacional. Quando a faixa de isenção de R$ 1.903,98 foi estabelecida, em 2015, o salário mínimo era de R$ 788. Ou seja, àquela altura, o piso era de 41,4% do mínimo a declarar. Após 8 anos, o percentual subiu para 68,4%.
Caso a isenção seja reajustada em conta das perdas inflacionárias para esse período, será necessário aumentá-la de 4.683,95 vezes o salário mínimo atual para 4.723,78 reais. Como parte disso, 13 milhões de contribuintes brasileiros deixarão de pagar imposto de renda. A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco) fala por ainda mais valores, com outros 19 milhões isentos. Na realidade, os brasileiros pagam mais impostos a cada ano, mesmo que a alíquota não esteja subindo, explica Mauro Silva, presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco).
“Um congelamento equivale a um aumento, embora o governo federal anterior tenha dito que não haveria aumento de impostos. Atualmente, é quase impossível fixar a faixa de isenção para R$ 5 mil, mas se o atual governo não tomar providências, repetirá o mesmo erro de antes”, avalia Silva. O presidente Lula (PT), em sua campanha, prometeu isentar o pagamento de receitas fiscais inferiores a 5 mil reais. Representantes do governo já disseram que essa é de fato a meta de todo o mandato, mas não deve ocorrer nem mesmo em 2023.
Reajuste do imposto de renda causaria um rombo na arrecadação no Brasil
O aumento da alíquota de isenção do Imposto de Renda impedirá que milhões de pessoas paguem, mas, por outro lado, levará a uma isenção fiscal anual de R$ 101,6 bilhões, segundo o Índices Nacional. Por isso, o sindicato defende que é necessária uma indenização por esse prejuízo – a alternativa é aumentar a tributação das pessoas mais ricas.
Uma das promessas da campanha presidencial (PT) de Lula era aumentar as isenções do imposto de renda para quem recebesse até R$ 5 mil. No entanto, esta medida não deverá ter lugar inicialmente em 2023. Wellington Diaz, ministro do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Gestão da Fome, que foi responsável pela revisão do orçamento durante o período de transição do governo, disse em 2022 que a medida era “para mandato” e não seria incluída na revisão de 2023.
“Nossa Constituição defende o princípio da capacidade de contribuir. Isso significa que aqueles que ganham mais devem pagar mais impostos. A falta de alterações à tabela é uma forma de aumentar a tributação dos mais pobres. O ideal para corrigir esse problema e não prejudicar o orçamento que já está no vermelho é adotar medidas progressivas como a devolução da tributação de lucros e dividendos. Atualmente, os funcionários pagam proporcionalmente mais impostos do que os donos das empresas, aprofundando diretamente as desigualdades sociais”, disse Tiago Barbosa, primeiro vice-presidente do Cindifisco Nacional.
A Unafisco calcula um prejuízo ainda maior, de R$ 228,8 bilhões. “Como posso conseguir esse dinheiro? Carregue a classe rica. A maior renda é a divisão de lucros corporativos e dividendos sem pagar imposto de renda. E as pessoas com os salários mais altos são forçadas a iniciar uma empresa no processo de “pejotização”, a fim de transformar a obra em uma entidade legal. Temos de voltar a tributar os lucros e dividendos e a ter normas mais rigorosas para evitar lucros e dividendos. Estas duas coisas têm de ser discutidas em conjunto. É a classe média que sustenta as políticas públicas no Brasil, e os ricos estão pagando cada vez menos”, argumenta Mauro Silva, presidente da organização.