Após uma queda de margem de 4,3% em 2020 influenciada pelo surgimento do Covid-19, que causou uma pandemia persistente, o índice foi destaque diante da perda de renda dos brasileiros no ano passado. Na prática, os trabalhadores ganharam um salário médio de R$1.353 em 2021, o menor nível da série histórica de pesquisa.
O montante também é 4,5% menor do que os registros de anos anteriores. Em 2012, por exemplo, os brasileiros tiveram uma média de R$1.417. Mesmo diante dessa discrepância entre os números, é importante ter em mente que o Brasil é um país grande e que há uma série de indicadores distintos e relevantes a serem levados em conta ao monitorar o desempenho das cinco regiões brasileiras.
O norte e o nordeste, por exemplo, são as duas regiões com os menores valores. Nessas localidades, o brasileiro faturou R$871 e R$843, respectivamente. É também o local onde as maiores perdas ocorreram no biênio, quando a pandemia foi o período mais crítico (2020-2021). Nesse período, as perdas foram de 9,8% e 12,5%, respectivamente.
Por outro lado, as regiões Sul e Sudeste conseguiram manter os maiores retornos, com margem de R$1.656 e R$1.645, respectivamente. Na comparação da renda média real mensal domiciliar per capita nos últimos 10 anos, todas as regiões do país sofreram reduções.
Acima de tudo, foi o pior desempenho no Norte, onde a renda do brasileiro caiu de R$968 para R$871. O novo valor representa uma queda de 10%, bem acima da média brasileira de 4,5%.
Renda brasileira baseada em benefícios
Na passagem de 2020 para 2021, identificou-se a maior queda na renda média em todos os domicílios brasileiros. No entanto, os benefícios sociais têm sido observados como maiores entre aqueles que recebem benefícios sociais e, portanto, também são de menor renda per capita.
A renda domiciliar per capita para as famílias que recebem o Bolsa Família diminuiu 10,8%. Por outro lado, a perda nos domicílios não beneficiários foi de apenas 5,4%.
Nos domicílios onde os brasileiros recebem outros benefícios sociais, a queda foi de 26,1% na renda média. Essa redução foi destacada no período em que o atendimento emergencial deixou de pagar, já que a perda da renda brasileira foi de 10,3% neste caso.
No cenário de quem era ou não o beneficiário do benefício continuado, a diferença não era muito grande. A queda foi de 7,8% nas famílias com beneficiários e 6,9% nas famílias em que não receberam esse auxílio. Na ocasião, a analista do IBGE Alessandra Sarajevo Brito observou:
“Esses programas sociais existem em famílias de baixa renda, que já eram esperadas para ser o foco das políticas públicas. “Mas o que os dados mostram é que essas famílias foram mais afetadas pela perda de renda.”
Alta inflação afeta renda brasileira em estado vulnerável
Os dados acima do IBGE fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua da Pnad: Renda de Todas as Fontes 2021. O estudo não só analisa ganhos com o trabalho e programas sociais, mas também analisa fontes de renda, como aposentadorias, pensões e aluguéis.
Como disse à Folha de S. Paulo Alessandra Brito, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Geografia e Meio Ambiente, a alta inflação tem sido a grande responsável pelas perdas generalizadas entre diversos grupos brasileiros nos últimos dois anos, principalmente em 2021.
Isso porque os cálculos que forneceram os resultados da pesquisa consideraram o aumento dos preços de produtos e serviços, corrigido pela inflação.