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domingo, junho 4, 2023

O que Brasil ganha e perde com empréstimos do BNDES para obras no exterior? Entenda detalhes

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Imagem: Reprodução/Google




Durante sua visita à Argentina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou que o Brasil deveria recriar empréstimos do BNDES para obras no exterior em países parceiros, como países vizinhos. Isso fez com que muitas críticas e apreço surgissem recentemente.


Em seu discurso, Lula disse que a intenção era “apoiar o crescimento dos países vizinhos e vender os resultados desse crescimento para o Brasil”.


Na mira do dinheiro está o gasoduto Nestor Kirchner, que deve ligar os campos de petróleo e gás da região de Vaca Muerta a San Jerónimo, na província de Santa Fé. A primeira etapa do projeto já foi concluída, mas o governo do país pede recursos para continuar as obras nos 500 quilômetros.


O programa citado por Lula foi criado em 1998 e paralisado nos últimos anos após um caso multibilionário de corrupção envolvendo empreiteiras.


Quais as vantagens e desvantagens dos empréstimos do BNDES para obras no exterior?


De um lado, os cidadãos lembram nas redes sociais a corrupção e os carros inadimplentes, incluindo projetos anteriores financiados pelo BNDES. Por outro lado, alguns especialistas afirmam que as empresas brasileiras do setor de engenharia serão beneficiadas e criarão empregos no país.


“O BNDES empresta dinheiro a empresas estatais para trabalhar em outros países, mas a condição é que todas as obras sejam feitas no Brasil, criando assim milhões de empregos para o nosso povo”, escreveu Luis Marinho, ministro do Trabalho e Emprego, no Twitter.


“Cuba nos deu um calote (…) E você nunca vai pagar. A conta foi deixada para os brasileiros pobres”, comentou o seguidor.


Enfim, o que muita gente parece não saber é que o financiamento não é para os países envolvidos, mas para empresas brasileiras que querem fazer negócios no exterior. O empréstimo é feito para uma estatal do Real Brasileiro.


No entanto, a dívida é paga parcelada pelo país que recebeu a obra. A taxa de juros, nesse caso, é definida por um acordo entre o governo brasileiro e o governo do país que recebe o empreendimento.


Em caso de inadimplência, ou seja, o país que recebeu a obra dá calote, e surge o Fundo de Garantia à Exportação (FGE), criado em 1997, atuando como seguro, compensando os financiadores e buscando cobrar os atrasados.


Além dos casos de corrupção relacionados à Lava Jato, há um histórico de países que deram calote, segundo o próprio BNDES, da BBC. Os pagamentos da Venezuela (USD 681 milhões), Moçambique (USD 122 milhões) e Cuba (USD 226 milhões) estão atualmente atrasados, com um total de USD 1,03 mil milhões acumulados até setembro de 2022. Outros R$ 573 milhões ainda não foram arrecadados.


No caso da Argentina, onde o debate é reaceso, há dúvidas sobre se o país pode realmente cumprir o contrato. O economista Luis Carlos Mendonza de Barros, que também é ex-presidente do BNDES do governo FHC, disse em entrevista ao Portal Métropole que a Argentina não pode oferecer “garantias fortes” na situação atual. Ele se referiu ao fato de que o país vizinho está passando por uma profunda crise financeira, e a inflação é de cerca de 95% ao ano.

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